O blog Panorama está realizando uma série de sabatinas com pré-candidatos ao Executivo. O prof. Eduardo foi procurado pelo blog e cedeu a entrevista abaixo que agora deixamos a disposição de todos os amigos deste blog:
Panorama - A sua imagem política está em alta. Seu nome surfa em uma onda de popularidade e ganha espaços nas sondagens e pesquisas não oficiais. Como você reage a isso?
Professor Eduardo - De maneira muito tranqüila, na esperança que tal tendência se consolide, pois ondas vêm e vão. O importante é manter as convicções. Pois uma coisa é ser “uma opção”, outra coisa é ser a escolha certa e decidida das pessoas.
Em 2004, a situação foi semelhante e seu nome foi dado como certo na disputa pela prefeitura. Porém, na última hora, o PT o colocou como vice de João Mello - com quem suas ligações políticas e alinhamento ideológico sempre foram muito fortes. Que garantias você pode dar à população de que, em 2012, essa história não se repetirá?
A vida é feita de momentos. Naquele momento, o encaminhamento discernido com o grupo político foi aquele. No decorrer destes anos, a distância física (ele tem sua vida praticamente em Sorocaba) apesar de pequena, a distância política (esteve no DEM, agora no PSD), acabou nos afastando, pois alianças com o DEM não são aceitas pelo PT, com o PSD é possível. Contudo, hoje o momento é outro, acredito que acumulei aprendizado e experiência suficiente para uma trajetória própria num outro grupo político. Não acredito que esse grupo político aceitaria uma nova composição com tal pré-candidato.
Nos bastidores da política, aposta-se que o senhor sairá candidato a prefeito tendo como vice o ex-secretário Adalberto Marcicano, o Adal. Outras correntes, entretanto, garantem que a dobradinha será entre você e a Dra. Zirva. Afinal, você já escolheu quem será o seu vice?
A escolha do vice será resultado de uma discussão dentro do grupo político do qual participo. Tal grupo conta, atualmente, com a participação do PV (que tem o Adal, como pré-candidato) e o PHS (cuja presidente da Comissão Provisória e pré-candidata é a Dra. Zirva). No entanto, temos conversado com outros partidos, e isso poderá alterar a composição do grupo, e consequentemente, outros nomes poderão surgir. Reafirmo, o nome será definido dentro do grupo político, analisando-se as condições pessoais e a viabilidade política. Considere-se que, diante do que ocorreu recentemente na política local, muitas pessoas já sinalizam ter um olhar diferente para o vice.
Na condição de homem público, você com certeza deve ter se deparado com o efeito das décadas de má administração do município. Quais seriam os setores mais devastados e desassistidos, em decorrência dessas práticas controversas?
A malha viária (as estradas vicinais), a atenção básica na saúde, o saneamento básico, a formação profissional dos ibiunenses, ausência de ações articuladas de desenvolvimento econômico que gera desemprego. A falta de políticas públicas (para todos) claras nestas áreas tem acumulado improvisações, maus gastos e perdas para todos nós.
A corrupção em Ibiúna - seja no âmbito do Legislativo, Executivo e Iniciativa Privada - já se tornou um folclore. O senhor já presenciou, entre seus pares, situações que o deixaram constrangido ou envergonhado?
A minha maneira de ser, resultado de convicções religiosas e de educação familiar, não me permite o envolvimento com aquilo que não me pertence. Isso me preserva de tais situações, pois, de antemão, afasta possíveis tentativas de corrupção. Assim, nunca presenciei situações, apesar de ouvir insinuações envolvendo outras pessoas, de desconfiar de algo que possa ter ouvido. Acredito que atos ilícitos são praticados de maneira velada e as pessoas sabem com quem, onde e como fazê-los. Da minha parte, procuro me afastar disso.
O seu trabalho destaca-se em meio a uma Câmara com baixa popularidade perante a opinião pública. Mas, ainda que o senhor saia na frente com apresentações de projetos e propostas de discussões acima da média, também acaba por cair na vala do assistencialismo. Essa não seria uma postura incoerente com a imagem que as pessoas fazem a seu respeito?
Nessa parte, percebo que certos eleitores até abusam dos eleitos, achando que estes são obrigados a resolver tudo para eles, restando ao vereador a condição de “assistente social”, “despachante de luxo”, “banco” ou sei lá mais o que, até com coação, ameaças de perda de futuros votos ou “dívidas” e compromissos pessoais do vereador para com quem o elegeu. Aqui há terríveis riscos de corrupção.
A vala do assistencialismo se abre por falta de um Executivo forte que faça a sua parte, que execute políticas públicas, que cumpra com o seu papel de fato, bem como as ações inerentes a elas, em especial na Assistência Social. Como isso não acontece, os problemas acabam “sobrando” para vereadores. Desse modo, nos vemos “obrigados” a buscar uma solução, assistencialista, passando a ser muito mais um ato de solidariedade diante das mazelas humanas, pois não é justo deixar as pessoas esquecidas, do que um ato nocivo que afronte aos meus ideais.
Não tenho nenhum registro de quem me procura, para uso eleitoral futuro. Dentro desta perspectiva, não deixo que o assistencialismo seja um fim em si mesmo. Utilizo tais situações nas proposições ao Executivo. Os problemas são as principais matérias-primas para proposições legislativas. Pena que, na maioria das vezes, acabam sendo somente “proposições” nunca “executadas” e ao menos avaliadas por quem de direito, o Executivo.
Por fim, a minha prática assistencialista é muito pequena, até com ajuda de amigos. Isso talvez até pelo perfil do meu eleitorado. Confesso que é algo que me incomoda, não é para isso que fui eleito. Porém, enquanto não temos um Executivo que cumpra o com o seu papel, não é justo deixar as pessoas esquecidas.
E sobre as informações de que seu assessor cobraria dos munícipes a quantia de R$ 30,00 para viabilizar o transporte para consultas médicas em outros municípios? Isso procede? Qual a finalidade dessa cobrança?
Na verdade, o Abel do Cupim não é meu assessor. Era para ser, porém como ele não tem o Ensino Fundamental Completo, não foi possível indicá-lo para admissão. Quem ficou como minha assessora foi a sua esposa, a Luciane. Isso em retribuição ao papel prestado por toda a sua família na campanha passada pela minha candidatura. Tudo de forma espontânea, sem me conhecer. Ao assumir o mandato, adquiri um automóvel em 48 prestações e entreguei a ele (que me devolverá no final do mandato) para que preste assistência aos seus familiares, amigos e conhecidos, algo que ele sempre fez. É prática pessoal do mesmo há muitos anos. Pouquíssimas vezes recorri a ele para atender alguma pessoa que me procurou. Para finalizar, não tenho controle sobre nada do que ele faz, quem transporta, se cobra ou não cobra por isso, para que cobra (até acredito que seja para o combustível). Não há contrato, dele nem meu, com a prefeitura. Pouco consigo falar com ele, reitero, a minha assessora é a Luciane, e procuro não misturar as coisas, até porque o grande desejo do Abel é ser vereador. Só não foi candidato nas eleições de 2008, por problemas de dupla filiação.
Um dos setores mais problemáticos de Ibiúna diz respeito à Saúde Pública. Apesar dos investimentos constantes, as críticas não cessam. Em seu eventual governo, qual seria a forma mais eficaz de gerenciar essa pasta?
As administrações até agora sempre focaram o “hospital” como a referência para a saúde municipal, deixando a atenção básica para um segundo plano, criou-se uma “cultura” em torno disso. A própria população absorveu isso: “o fundamental é o Hospital”. É preciso inverter essa “cultura” e dar a atenção básica, a “atenção” como o próprio nome diz, que ela merece. Assim, as UBS – Unidades Básicas de Saúde, os chamados “postinhos”, devem se tornar verdadeiros “centros de saúde”, principalmente nos bairros mais populosos. O Programa Saúde da Família deve se tornar realidade. A Farmasus deve oferecer todos os medicamentos necessários, não tendo o cidadão/cidadã que recorrer a processos judiciais ou favores de vereadores para conseguir tais medicamentos. Para desafogar o sistema é importante promover mutirões de exames e consultas. Claro, não se pode abandonar o hospital, mas melhorando a atenção básica, a demanda sobre o mesmo vai ser tranqüila. Aqui, devo lembrar que estamos na expectativa da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) que também reduzirá nessa demanda, pois hospital é para internação, e não para clínica. Concluindo: o enfoque da saúde deve ser a atenção básica, cuidar do munícipe onde ele está.
Mesmo tendo grande apelo entre o professorado, o senhor foi contrário à aprovação do Plano de Carreira da Educação. Por que?
Na verdade fui favorável e sempre defendi a aprovação de um Plano. Antes mesmo que fosse elaborado, apresentei indicações e sugestões verbais para tanto. Por ocasião da aprovação, no final do ano passado (2010), expus sobre a importância do mesmo, o que me rendeu até algumas polêmicas, em razão do esquecimento de citar pessoas que participaram do processo de elaboração. Participei de reuniões no processo de elaboração, apresentei sugestões. Atualmente, a Administração “culpa” a execução de tal Plano como a causa dos atrasos de pagamentos de INSS, FGTS, bolsa-passagem dos universitários, condutores escolares, enfim, praticamente tudo o que está atrasado é por causa do Plano de Carreira. Poderia alguém dizer: então, vocês vereadores foram irresponsáveis. Aqui, é importante mencionar que numa das reuniões ocorridas na Prefeitura com a Comissão do Plano de Carreira, eu fui recebido efusivamente pelo Secretário Paulo Niyama, o qual me disse, com outras palavras, que tinham aceitado as reivindicações do plano. Diante disso, perguntei “mas vocês fizeram as contas, dá para pagar?”, ao que me respondeu afirmativamente. Mais adiante, quando enviaram o Projeto de Lei para a Câmara, tiveram que juntar um documento, o Impacto Orçamentário, que afirmava que o Plano poderia ser pago. A gerência de gastos é de responsabilidade do Executivo. No entanto, quando colocado em prática, o Plano onerou a Folha além do que tinha sido previsto no impacto. Hoje, praticamente os recursos do Fundeb servem apenas para a Folha do Magistério, e a educação novamente patina, entre outras coisas, por insuficiência de recursos.
Na campanha de 2008, O Coronel Darcy prometeu acabar com os "grandes shows". Em 2009, ao colocar seu plano em prática foi duramente criticado. Quando o atual prefeito Coiti Muramatsu voltou a trazer os grandes artistas, também foi alvo de críticas. Ciente desses comportamentos incoerentes de parte da população, como você pretende atuar nessa frente (entretenimento/shows)?
Com equilíbrio, dentro do que tenho debatido na Câmara e cobrado do Executivo, pois não há como deixar de oferecer shows à população, mas também não é possível realizar “semanas de shows”. Este ano já se gastou quase 1,5 milhão de reais em tais eventos, deixando-se de honrar outros compromissos. Nunca se gastou tanto com isso. A dotação de “Festividades e homenagens” no Balancete da Prefeitura tem as despesas empenhadas e pagas. Enquanto isso, os condutores do transporte escolar, os transportadores de pacientes, entre outros, ficam de lado. A dívida com o INSS se acumula. Esta semana, até escolas ficaram sem telefone. Concluindo, os gastos com grandes shows são abusivos, o dinheiro vai embora, pouco tem ficado de retorno no comércio local, pois os eventos são noturnos. Resta repensar tudo isso, investindo mais na cultura local, trazendo shows limitando o total gasto a um percentual do orçamento, quem sabe algo em torno de 0,5 % que significaria um total de R$ 500 a 600 mil. Considere-se que tentei cortar gastos com “Festividades e homenagens” do Orçamento de 2012, mas a minha emenda foi derrubada.
Fonte: jornalpanorama.blogspot.com
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