QUE É POLÍTICA?
Palavra de origem grega – Polis: cidade ou o lugar onde as pessoas viviam juntas
Aristóteles – “o homem é um animal político” – não vive sozinho, precisa de outros
Política = vida na polis ou vida em comum - tudo que se refere às regras de organização dessa vida, aos objetivos da comunidade e às decisões sobre todos esses pontos.
Outras definições:
- “arte e ciência do governo” – promover o bem comum exige muita invenção e sensibilidade;
- “estudo do poder” – tomada de decisões sobre o bem comum é sempre ato de poder;
- “ciência do Estado” – a capacidade de tomar decisões está nas mãos do Estado ou depende dele;
- Política é a conjugação das ações de indivíduos e grupos humanos, dirigindo-as a um fim comum.
Independentemente da forma adotada e dos meios utilizados para a tomada de decisões, podemos chamar de política:
a organização social que procura atender à necessidade natural de convivência dos seres humanos;
toda ação humana que produza algum efeito sobre a organização, o funcionamento e os objetivos de uma sociedade;
O HOMEM: ANIMAL POLÍTICO
Aristóteles:“o homem é um animal político”– a natureza humana exige a vida em sociedade. Depende de outros em todas as necessidades – o homem é um ser social por natureza – tudo o que tem ou realiza é tido ou realizado em sociedade.
Todos os seres humanos valem exatamente a mesma coisa – por natureza todos nascem iguais, a sociedade é que estabelece diferenças – as diferenças de valor são artificiais.
Embora todos tenham o mesmo valor cada um tem sua individualidade, seu modo de ser, suas preferências, suas aptidões, seu julgamento próprio a respeito dos fatos da vida.
Todos os seres humanos necessitam da vida social e todos valem essencialmente a mesma coisa. Mas cada um tem as características próprias de sua individualidade e por isso, a vida em sociedade, embora necessária, acarreta sempre a possibilidade de conflitos.
É preciso encontrar uma forma de organização social que torne menos graves os conflitos e que solucione as divergências, de modo que fique assegurado o respeito à individualidade de cada um.
Todos os seres humanos são essencialmente iguais por natureza. Em conseqüência, não será justa uma sociedade em que apenas uma parte possa decidir sobre a organização social e tenha respeitada sua individualidade.
PROBLEMAS POLÍTICOS: PROBLEMAS DE TODOS
Vida em sociedade – problemas de cada pessoa devem se resolvidos sem esquecer os interesses dos demais integrantes da mesma sociedade. Assim, não se pode admitir como regra que para resolver qualquer dificuldade de um indivíduo, ou para atender aos interesses de um só, todos os demais devam sofrer prejuízos ou arcar com sacrifícios.
Cada indivíduo sofre influências da sociedade em que vive mas, ao mesmo tempo, exerce alguma influência sobre ela. O simples fato de existir, ocupando um espaço, sendo visto ou ouvido, precisando vestir-se e consumir alimentos já é uma forma de influir. Por isso, todos os problemas relacionados à convivência social são problemas da coletividade e as soluções devem ser buscadas em conjunto, levando em conta os interesses de toda a sociedade.
A NECESSIDADE DE TOMAR DECISÕES
Viver – obriga a tomada de decisões, algumas de interesses exclusivos da pessoa, sem conseqüências para a vida social. Mas há casos que a decisão de uma pessoa produz conseqüências sérias para muitas outras.
Muitas pessoas se omitem por comodismo ou medo da responsabilidade de decidir. A atitude de fuga da responsabilidade é, quase sempre, ligada à falta de consciência quanto à necessidade da vida social e ao significado da omissão. Condenam decisões que não quiseram participar. Omissos sempre favorecem os maus (egoístas/audaciosos).
Omissão de muitos impede que se tenha um sistema democrático, pois só a minoria decide.
Quem não participa é tão responsável como aquele que decidiu.
Se todos reconhecerem essa necessidade e assumirem positivamente sua responsabilidade os conflitos serão superados de modo mais justo e mais de acordo com as necessidades comuns, em benefício de cada indivíduo e de toda a sociedade.
DIREITO DE PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
Declaração Universal dos Direitos Humanos – artigo 21 – todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país e que a vontade do povo será a base da autoridade do governo.
Para muitos, entretanto, esse direito não existe ou então não passa de mera formalidade, pois o direito de tomar as decisões mais importantes continua reservado a um pequeno grupo.
DEVER DE PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
Para que cada um tenha respeitados seus direitos e sua dignidade é preciso que ninguém fique indiferente, passivo, sem procurar influir na decisão dos assuntos de interesse comum. Todo o ser humano tem o dever de participação política, para que a ordem social não seja apenas a expressão da vontade e dos interesses de alguns. Sempre que um pequeno grupo decide é inevitável que esse grupo se corrompa, perdendo de vista sua responsabilidade social, e acabe dando preferência aos seus próprios interesses, gerando uma situação de injustiça, que impede a paz social, porque sempre existem pelos menos alguns que não aceitam passivamente as injustiças e lutam contra elas.
Há os que não procuram exercer plenamente seu direito de participação política e se limitam a cuidar dos assuntos de seu interesse particular imediato dizendo que não gostam de política. Acham que esse é um assunto para “políticos”, atitude que revela inconsciência da realidade. Mesmo que se recusem, muitas vezes são obrigados a opinar; tem muita dificuldade e são facilmente enganados. Qualquer pessoa consciente pode se informar.
Outros se recusam a exercer o direito de participação movidos por um sentimento egoísta, pela situação econômica privilegiada que tem, não se importam com o sofrimento. São inconscientes que a situação econômica depende das condições políticas gerais, a atitude alienada é moralmente injusta e cúmplice da injustiça.
Há ainda os que não procuram participar porque se consideram impotentes para exercer alguma influência. Não tendo poder algum, acreditam que possam fazer alguma coisa para melhorar as condições de convivência. É preciso transformação interior, convicção de que é justo e possível participar.
FORMAS DE PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
Participação individual e coletiva – indivíduo conscientizado, não fica indiferente, não desanima perante obstáculos, participa falando, escrevendo, discutindo, cobrando, encorajando, e em todos os lugares.
A força do grupo compensa a fraqueza do indivíduo. Todo grupo organizado tem a possibilidade de exercer alguma influência política em todos os âmbitos.
b) Participação eventual e organizada – Um trabalho constante e sistemático, a organização soma forças, possibilita a divisão do trabalho, troca de informações, mais divulgação. Possibilita a continuidade do trabalho, pois se desenvolve a partir de uma clara definição de objetivos e que procura tirar o máximo proveito dos recursos disponíveis em cada momento, assegurando a continuidade das ações. A participação eventual é ligada a uma circunstância, por exemplo numa campanha eleitoral
c) Conscientização e organização – Conscientizar é ajudar a fugir da alienação e despertar para o uso da razão, dando condições para que a pessoa perceba as exigências morais da natureza humana. O trabalho de organização consiste em colaborar concretamente, fornecendo idéias ou meios materiais, para que grupos humanos conjuguem seus esforços visando objetivos comuns. Promover a conscientização e organização de pessoas e grupos é uma forma relevante de participação política, pois através desses trabalhos muitas pessoas poderão livrar-se da marginalização e adquirir condições para integrar os processos de decisão política.
d) Participação eleitoral – como eleitor, como candidato ou na condição de militante partidário.
e) Exercício de uma função política
f) Participação em reuniões, movimentos e associações
g) Exercício de crítica, sem preconceito e intolerância, dá condições para que cada indivíduo proceda conscientemente ao tomar suas próprias decisões e formar opiniões.
TODOS SÃO POLÍTICOS
Não há neutralidade política.
Ao povo sempre interessa a participação, ou para tomar decisões, usando regras já estabelecidas, ou para estabelecer novas regras que possibilitem sua maior participação nas decisões políticas.